Sonda interestelar da Nasa voará além do Sistema Solar

Sonda Interestelar

As sondas espaciais Voyager 1 e Voyager 2 são os únicos dois artefatos humanos a atingir os limites da heliosfera, a bolha que envolve nosso Sistema Solar e marca a área de influência do Sol - essa bolha também nos protege dos raios cósmicos.

As Voyagers descobriram a borda da bolha, mas deixaram muitas dúvidas sobre como o Sol interage com o meio interestelar.

Os instrumentos das duas sondas gêmeas são muito antigos e fornecem dados limitados, deixando lacunas críticas em nosso entendimento da fronteira do Sistema Solar e além.

A NASA e seus parceiros estão agora planejando a próxima espaçonave a refazer esse caminho e recolher dados mais amplos.

Batizada preliminarmente de Sonda Interestelar (Interstellar Probe), ela viajará muito mais fundo no espaço - pelo menos 1.

000 unidades astronômicas (ua) do Sol - com a esperança de colher mais dados sobre como nossa heliosfera se formou e como ela evolui.

"A sonda Interestelar irá para o desconhecido espaço interestelar local, onde a humanidade nunca alcançou antes," disse Elena Provornikova, do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins, nos EUA.

"Pela primeira vez, tiraremos uma foto da nossa vasta heliosfera de fora para ver como se parece nosso Sistema Solar.

" Ciência Interestelar A equipe, que envolve cerca de 500 cientistas, engenheiros e entusiastas - acadêmicos e cientistas cidadãos - de todo o mundo, reuniu-se esta semana para discutir quais tipos de investigações a missão deverá realizar.

"Existem oportunidades científicas verdadeiramente notáveis, que abrangem heliofísica, ciência planetária e astrofísica," disse Provornikova.

Alguns mistérios que a equipe espera desvendar incluem: como o plasma do Sol interage com o gás interestelar para criar nossa heliosfera; o que está além da nossa heliosfera; e qual a forma da nossa heliosfera.

A sonda Interestelar deverá fazer imagens dessa nossa bolha protetora focando em átomos energéticos neutros, e talvez até "observar a luz de fundo extragaláctica dos primeiros tempos da formação da nossa galáxia - algo que não pode ser visto da Terra," disse Provornikova.

A heliosfera também é importante porque protege nosso sistema solar dos raios cósmicos galácticos de alta energia.

Conforme viaja pela galáxia, o Sol vai passando por diferentes regiões do espaço interestelar.

Atualmente estamos no que é chamado de nuvem interestelar local, mas pesquisas recentes sugerem que o Sol pode estar se movendo em direção à borda dessa nuvem, após o que entraria na próxima região do espaço interestelar - sobre a qual nada sabemos.

A sonda deverá atingir 1.000 ua de distância (5,77 dias-luz), o que é 10 vezes mais longe do que as Voyagers foram.

50 anos espaço afora

Este é o último ano de um "estudo de conceito pragmático" de quatro anos do projeto, no qual a equipe tem discutido a ciência que poderá ser realizada com essa missão.

No final deste ano, a equipe entregará um relatório à NASA descrevendo a missão científica, exemplos de cargas úteis de instrumentos e exemplos de espaçonaves e planos de trajetórias para a missão.

A sonda poderia ser lançada no início da década de 2030 e levaria cerca de 15 anos para atingir o limite da heliosfera - um ritmo rápido em comparação com as Voyagers, que levaram 35 anos para chegar lá.

E a equipe pretende construir uma nave para durar 50 anos ou mais, enviando dados continuamente à Terra.
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